Quando se fala de círculos de mulheres, em primeiro lugar se pensa naquela coisa espiritualizada dos círculos como os do Clã dos ciclos sagrados, do Cirandda da Lua, do Teia de Thea, e outros assim.
E eles são importantes. São imprescindíveis, eu diria. Eles permitem uma vivência profunda do sagrado feminino.
Mas seria errado pensar que existe apenas esse tipo de Círculo de Mulheres. Existem muitos outros tipos de círculos de mulheres.
Neste momento, eu faço parte de dois círculos de mulheres. Um deles é virtual e se chama Multiply. O Multiply é uma rede social no estilo do LiveJournal ou outras redes de compartilhamento de informação. Você não tem um perfil. Tem um blog. E as pessoas para comentarem tem de ter perfil também. e você pode postar apenas para pessoas especificas lerem. E na sua página de entrada, vc pode ler não só as atualizações dos seus contatos, mas dos contatos dos seus contatos.
Com o passar do tempo, formaram-se grupos de apoio mútuo ali. Para falar dos mais diversos assuntos. Para dividir experiências. Para chorar juntas e rir juntas. E muitas vezes, nós apoiamos umas às outras. E dividimos receitas. E trocamos figurinhas sobre música. E somos do país todo, diferentes vidas e jeitos. Algumas gostam mais de umas, outras menos. Algumas eu sei que não consigo conviver fora da rede. Algumas se toleram. E acho que isso é parte do convívio. Nem todas as irmãs se dão bem - mas continuam sendo irmãs. E todas as mulheres da Terra são irmãs.
E existe um outro. Um grupo de mulheres que fala sobre seriados, filmes, atores bonitos, livros, sobre Star Wars, Senhor dos Anéis, Beattles, sobre Arquivo X, Smallville, House, Mentalist, sobre comida, cupcakes, problemas da vida, diversões, que falam muito alto, dão muita risada, que reunem gerações de filhas e mães.
Ontem, fui pela primeira vez no encontro delas fisicamente. Faço parte do espaço virtual que compartilhamos (vê só como é bom a internet? os meus dois círculos de mulheres usam a rede para comunicação rápida).
Eu não sou muito uma pessoa que convive bem com mulheres. A maioria dos emus amigos mais íntimos são homens. Então assumo que um pedaço de mim desconfia de um número tão grande de mulheres juntas. Porque fui educada em uma sociedade onde uma mulher busca machucar a outra, onde as pessoas não se aceitam, onde é preciso ter medo de outras mulheres.
Encontrei um lugar onde podiamos rir, mas onde lágrimas acontecem e são respeitadas. Onde mulheres mesmo desconhecidas se amam e cuidam umas das outras. Onde se come sem culpas e se troca histórias e para ajudar estão algumas pessoas que eu amo e que são muito especiais para mim (e eu até tive coragem de dizer isso para elas!).
Então, depois de um domingo de imersão em um círculo de mulheres que segue as regras dos círculos de mulheres originais, aqueles em que nossas avós se sentavam para fazer pão ou costurar juntas, eu decidi escrever um pouco sobre círculos femininos (ou masculinos), seria melhor dizer, círculos de gênero, que não buscam o sagrado e a espiritualidade, mas que são tão importantes quanto estes, porque a vida é feita de cotidianos, e tem momentos que pensar no sorriso do Nathan Fillion é tão bom quanto uma análise jungiana.
Um comentário:
Belo texto, como sempre!
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