quarta-feira, 7 de julho de 2010

Arco - íris

E de repente caiu a ficha de que eu nunca tratei o assunto por aqui. Claro que não - no meu mundo, falar de homossexualidade é como declarar "o sol nasce no leste". É tão natural que não é assunto.
Infelizmente, meu mundo não é o da maioria da nossa sociedade. E embora no meu mundo ninguém questione opção sexual, toda beleza seja respeitada, mulheres não sejam inferiores, propaganda não seja manipulação e ecologia seja questão de bom senso, eu vivo no mundão lá fora, onde as pessoas ainda são retrógradas e tristes.

Mas eu gosto de falar da beleza, e vamos ter tempo de falar das coisas difíceis no encontro que o pessoal está organizando (e eu vou, nem sei como, mas vou, vc vai?) que postei lá embaixo, aqui eu quero falar do bonito. Da minha casa, dos meus amigos.

Na minha casa, a vida é colorida. Afinal, eu moro na casa azul, e embora não tenha feito de propósito, isso significa alguma coisa. Então a primeira coisa é que aqui, como disse um amigo, "tem bicha pra caralho". Na verdade verdadeira, o que comanda aqui é a variedade. Temos espaço para a escala kinsey inteira. Aliás. aqui, escala kinsey é assunto de conversa bêbada, onde conseguimos realmente achar de tudo.

Quem ganha com isso? Todos, fato. Mas principalmente meu Beija Flor. No auge de seus cinco anos de idade, ele encara a homosexualidade como a coisa mais natural do mundo. Para ele, se o tio trouxe uma tia para brincar com ele, ou outro tio, quem se importa?

Graças a essa vivência, o Beija Flor não tem vergonha de gostar de rosa, e pode deixar os g.i.j.o.e.s. do lado dos My little Pony. Ele gosta de dançar e cantar, e sua vergonha nisso vem do perfeccionismo, (que é um problema natural de toda criança que convive com muitos adultos), mas não de vergonha do corpo. Ele gosta de perfumes e tem suas pequenas vaidades. Ele se acha bonito. Ele gosta de futebol e é obcessivo com caminhões e trens, e brinca de boneca (afinal, ele tem um pai que cuida dele de verdade). Ele é, acima de tudo criança, sem restrições de "isso é coisa de menina" "isso é coisa de menino". E entende que o orgulho que sente de ser um garoto não implica rebaixar ninguém no processo. Para ele, Toot & Puddle são um casal, e casal são duas pessoas que se amam, se beijam na boca e ficam de mãos dadas, independente de gênero.

Sei que ele vai ter momentos de sofrimento na escola por pensar diferente da média (porque variedade comanda esta casa, não só de opção sexual, mas de fé, política, cor, posturas, tudo). Mas sei também que ele vai saber se defender e sair dessa sem problemas, porque ele, como toda criança que convive com a variedade, é mais seguro de si, mais capaz de expor suas opiniões e lidar com vozes contrárias. (e se tudo o mais falhar, ele é grande pra idade e tem pais que entendem que as vezes "violência gera violência" significa "sua violência verbal provoca minha violência física").

Mas sinto orgulho em saber que meu filho tem como referências tanto heteros-empedernidos-vikings-durões, como malucos-descolados-de-cabelo-estranho como afetados-arrasa-quarteirão-fãs-de-lady-gaga e católicos-bem-resolvidos, loucas-afrodisíacas-que-mostram-o-corpo quanto meninas-discretas-de-roupa-masculina ou espiritualistas-discretos-homossexuais, além do papai e da mamãe nada convencionais, pessoas que, principalmente, não se encaixam em nenhum estereotipo e sabem que isso de se rotular é só um jogo, que a gente para quando perde a graça. 

Que sabe que pessoas choram, se amam, são fortes, se gostam, brigam, tem fé, não tem, que conversam, que sofrem, que riem, o tempo todo e intensamente, independente de por quem elas sentem desejo, independente de quem elas amam.

No meu pequeno mundo, nós vivemos arco íris. Com todas as cores possíveis, muito mais do que só as sete. Em tudo, a variedade é o melhor remédio. E aqui nesta casa, respeito e tolerância não são lições a serem aprendidas, são nosso jeito de viver, hoje e sempre.

1º Encontro Regional da Comunidade LGBT do Grande ABC



Um evento histórico está para acontecer no ABC paulista, é o 1º Regional da Comunidade LGBT do Grande ABC, que acontecerá nos dias 30 e 31 de Julho e 01 de Agosto no Complexo Cultural Ayrton Senna, à Avenida Brasil, 193 – Centro – Ribeirão Pires – São Paulo – Brasil.
O evento é uma realização do GAD – Grupo de Apoio à Diversidade, do NACD – Núcleo de Acolhimento e Conscientização à Diversidade Sexual de Ribeirão Pires, do GIRD – Grupo Integração e Respeito à Diversidade de Rio Grande da Serra, do MAUADS – Movimento de Auxílio, União e Apoio à Diversidade Sexual de Mauá e da Prefeitura Municipal da Estância Turística de Ribeirão Pires, com apoio do Governo do Estado de São Paulo e do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, bem como Ongs e entidades dos Municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.



Programação:

30 de Julho
19 horas – Abertura Solene
20 horas – Entrega de Honrarias
21 horas – Coquetel

31 de Julho
14 horas – Exibição de filmes temáticos
16 horas – Mesa de Debate – Retirada da 1ª Carta de Intenções da Comunidade LGBT
19 horas – Encontro cultural entre compositores e intérpretes da Comunidade LGBT

01 de Agosto –
9 horas às 17 horas - Festival Esportivo, onde as meninas jogam futsal e os meninos vôlei, com representes das setes cidades do Grande ABC.

Quem estiver no Grande ABC, na capital ou nas imediações, deve prestigiar este evento, pois nestes dias será trazida para a região uma discussão histórica, além de reunir toda comunidade LGBT da região, mostrando que estamos unidos sim.
Ser sediado em Ribeirão Pires este encontro é muito importante, ainda mais depois da demonstração de intolerância pelo legislativo daquela cidade e a força da comunidade evangélica em atravancar projetos que contribuam para a isonomia de direitos a todos e a luta contra a discriminação e a exclusão.
Então vamos prestigiar, o evento não tem custo nenhum, é só ir e prestigiar, mostrar que existimos e estamos aqui.

Beijos em Arco-Íris!!!

domingo, 4 de julho de 2010

Alimente sua alma

Faz algum tempo que eu encontrei esse site, mas antes de conseguir escrever aqui sobre ele, eu perdi. Saco. Encontrei ele hoje, não por acaso, mas porque larguei um pouco de preguiça e vasculhei o google até achar, rs.

O nome do projeto é Feed Your Soul - alimente sua alma.
A cada mês, um artista disponibiliza uma peça de arte sua para que as pessoas possam imprimir e pendurar na parede, um mini poster. Doar um pouco do seu trabalho para que as pessoas tenham um pouco mais de beleza nas suas vidas.

O fato é que artistas e designers são as pessoas que mais se ferram na vida quando o assunto é ter o seu trabalho vilipendiado pelos outros. Porque as pessoas acham que sentar e fazer um desenho, um trabalho artístico qual for, não é um trabalho de verdade. E que o fato das pessoas quererem dinheiro por isso é meio absurdo. Ainda assim, artistas e designers tem toda a paciência do mundo, e com a maior boa vontade, disponibilizam trabalhos gratuitos para as pessoas.

De todo modo, fica o link - quer trazer um pouco de vida e beleza pra sua parede? Sem grana para comprar um poster bacana (post sobre posteres bacanas por aqui dia desses - aguardem)? Vá até o Feed your soul, clique em downloads e escolha a imagem que combina com sua sala. o arquivo vem em pdf, e é só imprimir.