quinta-feira, 24 de maio de 2012

Postagem Coletiva - Criação com apego


Sete anos atrás, nesta mesma hora, entre o dia 23 e o dia 24 de maio, eu estava na banheira da Casa de Parto do Sapopemba, enquanto eu, meu companheiro e meu filho fazíamos nosso caminho no mundo como mãe, pai e filho. Atrasei um pouco a postagem só para poder celebrar essa passagem.

Não sabíamos o que era Attachment Parenting.

Só o que a gente sabia que André não nasceria em hospital, onde seria só mais um número. Nossa casa não estava pronta, por isso o parto domiciliar ficou fora da parada. Mas procuramos e procuramos para que ele nascesse fora de um hospital. E quanta gente olhou feio, chamou a gente de louco ou disse que tínhamos muita coragem. Nenhuma dessas coisas, na verdade. Nós fizemos uma escolha naqueles meses antes do pequeno nascer. De que nossa vida seria pautada pelo amor, não pelo medo.

Cama compartilhada foi um caminho natural. Porque facilitava a amamentação, e a gente podia dormir melhor, nós três.

Amamentar não foi uma opção. Nunca vi como uma opção, e decidi que não haveria mamadeiras, bicos chupetas ou coisas assim perto de nós. Amamentar era a única forma que eu aceitaria de alimentar meu filho, e nada ficaria no nosso caminho. André desenvolveu alergia à proteína do leite de vaca mesmo sem nunca ter consumido LV. O meu consumo e um hidratante a base de leite desencadearam o processo que poderia ter matado meu filho. E enquanto os desinformados diziam que meu filho emagrecia porque minha teimosia fazia ele passar fome, eu tive a sabedoria de seguir meu instinto, rosnar e defender a cria. E foi assim que nossa história se tornou a história de amamentação prolongada, até que em algum momento entre 3 anos e 8 meses e 4 anos ele largou o peito. Natural e gradualmente, sem traumas para nenhum de nós dois. E sem que ele tivesse qualquer sequela da alergia que devastou seu corpinho naqueles meses. Lembro do alívio da equipe que cuidou dele por eu ser tão defensora da amamentação. Sou mesmo radical nisso: se você visse o que eu vi naquele ambulatório de alergia e crescimento, seria radical também.

E desde antes dele ter um mês, o sling chegou e ficou. Muito mais prático, muito mais aconchegante, muito mais confortável para todos. Mas sete anos atrás era ainda mais incomum do que hoje. E a gente chegou a enfrentar gente gritando e xingando por causa do sling, além das perguntas mais idiotas... E eu me lembro do meu companheiro dizer "você carregou ele por nove meses, e eu tenho a chance de carregar ele portoda a vida". Que aventuras vivemos... e em quase todas as fotos, daquele primeiro mês até uns três anos de idade do pequeno, estão pai e filho atados um ao outro, em um abraço de segurança e apego.

O mais engraçado é que nós seguíamos a "cartilha" da Criação com Apego sem nunca ter pensado no assunto. Por um motivo muito simples: nós fizemos uma escolha. Deixar que o amor desse o tom. Que nossa vida se pautasse não no que esperavam de nós, mas o que sabemos ser a coisa certa. Porque a real, mesmo, é que o Attachment Parenting, a Criação com Apego,ou como vc quiser chamar, é uma questão de Bom Senso. De se basear noque nossa natureza, mamífera, de bicho gregário e de sangue quente, nos pede. De deixar de lado o que a visão eurocêntrica, cheia de moralismos vitorianos, manda que seja a criação de um filho.

Cometemos erros. Falhamos as vezes. Mas então eu descubro que meu filho não sabe cruzar os braços. Porque nunca precisou se fechar para o mundo. Porque o "não" que ele escuta não tem juízo de valor. E de noite, escuto alguém saindo de sua caminha e vindo enlaçar nossos pescoços. Porque meu filho não tem vergonha de amar, de beijar, de rir, e eu sei que estou fazendo um bom trabalho...