terça-feira, 1 de outubro de 2013

do maternar

A vida é curta e a infãncia mais ainda.

Por isso eu ainda ajudo meu filho a se vestir, mesmo sabendo que ele dá conta sozinho. Por isso gosto de pentear o cabelo dele, de ouvir sua voz contando algo pela centésima vez, ver seu dedo batendo no lábio enquanto pensa em uma resposta pra alguma coisa. Gosto de sentar com ele, abraçar ele, dormir com ele pendurado em mim. E não peço que ele seja independente. Não peço que ele faça as coisas sem ajuda.

Porque o amanhã já está ai. E quando ele bater asas eu não vou ficar com o coração apertado pensando nos abraços que não dei ou nas vezes que fiz ele amarrar o próprio cadarço quando me pedir ajuda era acima de tudo uma vontade de carinho, de ser cuidado.

Por isso eu amarro o cadarço dos meus alunos. Porque quando eles te pedem "me ajuda" eles querem ser cuidados, e como é bom ser cuidado... o cobertor aquece mais quando alguém coloca ele por cima de você e aperta nos seus ombros.

E o tempo do choro é tão curto. O tempo do cuidado imediato, do cansaço por precisar estar sempre presente, é um tempo tão curto. O tempo dos medos é bem maior. Quando se ganha o mundo.

Poucos dias atrás, ele atravessou a rua sozinho pela primeira vez, e eu senti meu coração morrer de pavor. Fiquei orgulhosa e contente depois, mas continuo agarrando forte sua mão.

É bom andar de mãos dadas. Não é só uma questão de utilidade - é uma demonstração de amor.