terça-feira, 10 de novembro de 2009

Novos taliBÃS

Novos taliBÃS

Bakunin já dizia que enquanto houvesse um homem escravo, toda a humanidade seria escrava. Essa máxima vale também quanto a violência contra a mulher. Quase todas as pessoas vêem como atrasado e horrendo o comportamento dos talibãs que violentam e agridem as mulheres, escondendo-se atrás de uma moralidade religiosa questionável.
Porém o que me choca é ver a mesma atitude em uma instituição que “se diz” educacional. Ao expulsar a aluna que foi de vestido curto e sofreu um dos atos mais repugnantes de agressão dos últimos anos, alegando que a culpa pela violência foi dela, voltamos aos tempos em que as mulheres eram obrigadas a usar cintos de castidade para não serem violentadas só pelo fato de estarem andando sozinhas.
Fala-se muito em currículo oculto e em sua importância para a manutenção de hábitos e costumes. Quando tomou a atitude de expulsar a aluna, o tal instituto de ensino deixou em seu currículo oculto o ensinamento de que se uma mulher é insinuante ela deve ser agredida sexualmente, em público, como Madalena que seria apedrejada em praça pública se Cristo não tivesse intervido.
A turba de criminosos que só se manifestaram por estarem em grupo, só escancarou o machismo e a atitude covarde de homens que se sentem ameaçados em sua sexualidade, ao verem uma mulher que se destaca, seja na maneira de se vestir ou nas atitudes de vida que se coloca.
Não vou entrar no mérito se o traje era adequado ou não, mas o que importa é que qualquer cidadão brasileiro tem o direito constitucional de andar como quiser, sem ser molestado.
O que se percebe é que ao contrário do que falam por aí, o direito de igualdade entre homens e mulheres ainda está longe de ser atingido. Muitos homens ainda sentem as mulheres como uma ameaça ao seu poderio de macho.
Ainda bem que na Faculdade em que me formei, em seu currículo oculto, sempre estiveram presentes a igualdade e o respeito a diversidade, com certeza nos transformando em seres humanos melhores. O que me preocupa é saber quem serão os seres humanos que sairão formados dessa dita instituição de ensino, com letras minúsculas sim.


Cecília A. B. Camargo
Arte Educadora


(ps-e minha veterana na faculdade)

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