segunda-feira, 19 de abril de 2010

Blogagem coletiva - Lugares que eu amo

Entrei num jogo bacana que vai aparecer aqui todo mês. É um grupo de blogagem coletiva, que vai colocar um tema por mês para ser debatido pelos blogs que toparem participar (sintam-se convivados). Chama-se Mosaico de Reflexões.

O nosso primeiro tema é Lugares que eu amo...


Pensar em lugares que amo me leva imediatamente a Paraty, onde me senti em casa pela primeira vez na vida. Minha alma é estrangeira - não me sinto em casa na minha casa, na minha cidade, em lugar nenhum. Carrego em mim a sensação de ser uma estrangeira viajante.

Mas quando coloquei meus pés no centro histórico, sentindo o cheiro da maresia ou derramando vinho entre as pedras durante a festa de Santa Rita, olhando tudo em volta como se quisesse engolir o que via, eu me senti, pela segunda vez em toda minha vida, como se tivesse finalmente chegado em casa.

Amo os nomes das ruas. rua do fogo. rua por detrás da santa rita. cada igreja, cada casa, cada riso me dizia "esta é sua casa". Precisei de seis horas para amar a cidade e em dois dias andava pelos becos do centro velho como se tivesse vivido ali a vida inteira. Eu, que me perco até em linha reta, tenho na cabeça um mapa da velha Paraty, com meus pontos preferidos, de flores crescendo sobre o muro de uma casa, o correio onde sentei muitas vezes na calçada tomando sorvete depois de colocar uns postais para os amigos, o restaurante, o mercadinho, o cais, o banco para olhar as águas do canal. Foi uma semana luminosa, um saber-se parte do mundo.

Na segunda vez, encontrei Paraty cheia de gringos e movimento - FLIP. Foi uma viagem diferente. Em bando, beber, comer, fumar, ver palestras de literatura, se perder pela madrugada recitando poesia pelas ruas. Eu já conhecia e amava a cidade. Eu já havia me apaixonado perdidamente, e anotei no caderno uma meia dúzia de telefones para ligar, de casas por ali que estavam a venda.

Dois anos atrás, joguei na megasena porque encontrei a venda uma usina de fogo morto por lá. Sonhei em reativar e fazer cachaça artesanal para viver. Mas a megasena não veio e a usina hoje não sei que destino teve.

Morar em Paraty ainda é um sonho, que não sei como mas sei que ainda vou realizar. O mundo dá muitas voltas e eu acredito que meu coração não teria encontrado descanso ali se não fosse pela promessa de um dia poder sossegar os ossos naquela cidade.

Um dia, vou sentar na calçada do correio bebendo uma água gelada e pensando nos pacotes que estarei enviando aos amigos e na promessa de que eles venham para um feriado ou férias.

Vou morar numa casa antiga e dormir sabendo que o mar está ali perto. Nas noites de lua cheia, vou ficar no cais esperando os pescadores voltarem e assistindo os barcos que passam na distância, enquanto o cabelo da lua se reflete no mar. Vou ter uma canoa com nome de oceânide e finalmente encontrar a paz.





3 comentários:

BRUNNO ALYSON DA SILVA SOARES disse...

Puxa vida! qUe txto lindo...
viajei nas imagens q suas palavras criaram na minha mente
possuio uma relação assim com um certo lugar...

me inspirei a participar da blogagem após ler o q escrevestes.

bom é ter um lugar assim!

bjos

Sarah Helena disse...

fico feliz que tenha se inspirado a participar da blogagem =)

Jota Olliveira disse...

Sarita.
Pqp meu... mais uma que tem a alma "presa" a Paraty. Mais uma que anseia pelo cheiro de mar e pelo fogo de Paraty.

Cara esse lugar é maravilhoso. É meu sonho de vida. Que tal montarmos uma república por lá =D

BJs