Por isso eu ainda ajudo meu filho a se vestir, mesmo sabendo que ele dá
conta sozinho. Por isso gosto de pentear o cabelo dele, de ouvir sua
voz contando algo pela centésima vez, ver seu dedo batendo no lábio
enquanto pensa em uma resposta pra alguma coisa. Gosto de sentar com
ele, abraçar ele, dormir com ele pendurado em mim. E não peço que ele
seja independente. Não peço que ele faça as coisas sem ajuda.
Porque o amanhã já está ai. E quando ele bater asas eu não vou ficar com
o coração apertado pensando nos abraços que não dei ou nas vezes que
fiz ele amarrar o próprio cadarço quando me pedir ajuda era acima de
tudo uma vontade de carinho, de ser cuidado.
Por isso eu
amarro o cadarço dos meus alunos. Porque quando eles te pedem "me ajuda"
eles querem ser cuidados, e como é bom ser cuidado... o cobertor aquece
mais quando alguém coloca ele por cima de você e aperta nos seus
ombros.
E o tempo do choro é tão curto. O tempo do cuidado
imediato, do cansaço por precisar estar sempre presente, é um tempo tão
curto. O tempo dos medos é bem maior. Quando se ganha o mundo.
Poucos dias atrás, ele atravessou a rua sozinho pela primeira vez, e eu
senti meu coração morrer de pavor. Fiquei orgulhosa e contente depois,
mas continuo agarrando forte sua mão.
É bom andar de mãos dadas. Não é só uma questão de utilidade - é uma demonstração de amor.
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